Yoga para a elevação da Consciência

“Temos a necessidade da Totalidade porque somos a Totalidade”
Sri Aurobindo


Por trás do universo aparente existe uma realidade única, imutável e eterna, por meio da qual todos os seres se encontram reunidos: é a unidade da existência. Todos os seres são a Vida única que flui e se manifesta através de diversas formas, por exemplo, você e eu. Frutos do mesmo Um. O problema é que ignoramos essa verdade, talvez porque, ao longo dos tempos, fomos estimulados a esquecê-la.


Para acessar essa realidade e vivenciar a compreensão do Todo em tudo, só é possível fazê-la quando estamos inteiramente presentes em um nível de consciência do Ser que está além da mente superficial. Essa mente comum, na qual permanecemos estacionados a maior parte do tempo, ela só consegue conceber a Vida como algo material e finito, ou seja, o seu apego e identificação com o mundo das formas, nomes e funções reduz o milagre da Vida e suas manifestações a algo meramente perecível e limitado.


O Yoga como um caminho espiritual, ou seja, de autoconhecimento, propõe justamente alavancar a consciência (individual e coletiva) para retirar o véu de ignorância que nos cega e nos distancia de nós mesmos e da percepção do Todo. O Yoga nos convida ao famoso “Conhece-te a ti mesmo” para que, a partir do mergulho em si e da percepção da própria essência - divina, eterna e ilimitada -, possamos reconhecer nós mesmos no próximo. Até nos darmos conta de que, para além do aparente, não existe o próximo. Somos unos. Somos o próprio Uni-verso. Uma Vida única que acontece através de você e de mim, de tudo e de todos, e emana da mesma Fonte.


Conhecer a si para expressar o Ser. Desvendar uma realidade além da mente. Libertar-se da ignorância sobre si mesmo. Integrar-se com o Supremo. Para os yogues antigos estas são as metas supremas da vida, e este é o caminho do Yoga: autoconhecimento, autotransformação, autolibertação e o despertar para o estado de comunhão, unidade e integração com a Vida divina, com o divino em nós.


O prefixo “auto”, enfatizado acima, não se refere ao “meu” conhecimento, “minha” transformação e “minha” libertação, para que “eu” possa colher os “meus” frutos. O Yoga não está focado no fortalecimento do eu egocêntrico. O Yoga chama a atenção para um eu expandido, um Eu maior, através do qual o fluxo da Vida acontece e gera a evolução coletiva. O “auto” aponta para o fato de que cada “Eu” tem a responsabilidade não só frente ao seu processo de transformação individual, mas também em relação à evolução do Todo. O propósito do Universo somente se realiza a partir da realização dos propósitos individuais, de cada “Eu”. O desenvolvimento de uma consciência coletiva mais ampla e elevada só acontece mediante o aprimoramento das consciências individuais.


Essa perspectiva lança luz sobre o Yoga como uma ciência, arte e filosofia que não se basta no corpo. Contempla os processos de purificação e despertar das potencialidades humanas (físicas, energéticas, emocionais, psíquicas e espirituais), e através do corpo, leva a percepção além: almeja a qualidade do pensar, sentir e agir do ser humano no mundo e sua completa integração consigo mesmo, com o entorno e com o a Vida divina. Trata-se de uma ferramenta que pode contribuir com a humanidade no sentido de ancorar uma nova consciência, impulsionar um salto evolutivo para a espécie e gerar uma sociedade mais justa e fraterna.

Gostou do nosso artigo? Compartilhe!